17 agosto, 2010

Terça...

Como o derrame de dinheiro já começou encontrei este artigo que traduz o que penso.

Sou do contra sim

por João Palomino

Sou contra os desmandos, a arrogância, a prepotência, a presunção. Sou contra as falcatruas, a desfaçatez, a roubalheira. Sou contra usar um evento para enriquecer. Sou contra os que se servem do esporte e não servem ao esporte. Sou contra a pouca disposição que se vê no meio político para tratar das necessidades básicas de nossa população. Sou contra receber eventos para tentar construir um país. O correto é construir um país para receber eventos.

Invariavelmente, somos acusados: “Vocês são do contra”. Pois bem: se o exposto acima é obrigação, somos sim do contra.

Estamos apenas no começo de um longo e tenebroso caminho até a abertura da Copa de 2014. E mais longo ainda até a abertura dos Jogos Olímpicos de 2016. E o atraso nas obras e a falta de licitações em alguns casos apressam o derrame de dinheiro público nas obras a ser realizadas.
Pesquisa do Datafolha indicou que 57% dos brasileiros são contra o uso de dinheiro público na organização dos eventos. Para mim, porcentagem até tímida. Esperava mais. Mas me responda: alguém parece preocupado com essa opinião pública agora? Alguém como COB, CBF ou o próprio governo?
Para incrementar as discussões, foi sensacional receber alguém da estatura moral, preocupação jornalística e experiência em jornalismo investigativo como o britânico Andrew Jennings.

Autor do livro “Foul!”, que significa falta, Jennings escavou os porões da Fifa (já havia feito isso com o Comitê Olímpico Internacional em outros dois livros), escancarando negociatas, pressões políticas, suborno nas eleições, corrupção, tráfico de influência e poder ilimitado de uma entidade que tem como presidente um (praticamente) estadista, reverenciado como presidente de uma nação.

Jornalismo investigativo não tem nada de vocação, e tem tudo de obrigação. Foi uma aula de informação incontestável de qualquer entidade esportiva, de qualquer dirigente. Jennings é o único jornalista no mundo proibido de participar das entrevistas coletivas da Fifa. Incomodou demais Sepp Blatter. Considero a proibição uma medalha de honra ao mérito de uma entidade suspeita entregue ao seu algoz mais expressivo.

Jennings ensina muito ao jornalista brasileiro. Não faltaria trabalho a ele nos próximos seis anos. A ideia de que se mudasse para o Brasil, uma brincadeira feita no ‘Bola da Vez’, que o entrevistou, deve ter causado arrepios em espinhas carregadas de más intenções. Mas nós estamos aqui. É nossa responsabilidade. Se investigar, perguntar o que tem de ser perguntado (como ele mesmo disse no programa), cobrar autoridades e dirigentes por desmandos com o dinheiro de todos nós é “ser do contra”, ok, somos. Mas você também deveria ser.

Para você que não viu o programa, atente para as reprises, no http://www.espn.com.br/

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